SC registra 1 de cada 4 casos de crimes virtuais no Brasil; saiba quais são e como se proteger
28/07/2025
(Foto: Reprodução) Roubos caem, mas os golpes dispararam em 2024
Santa Catarina chamou a atenção nos dados relacionados ao aumento expressivo dos crimes de estelionato virtual divulgados na última semana pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O estado registrou 1 de cada 4 casos (25,9%) no país em 2024, com 72.834 registros, diante de 281.206 em todo o país.
Perfis falsos nas redes sociais, 'phishing' por e-mail, clonagem de WhatsApp e a falsa central de atendimento estão entre os principais exemplos de crimes virtuais que qualquer pessoa conectada à internet está sujeita.
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O avanço da conectividade dos brasileiros chama a atenção dos criminosos, que migraram para a web na mesma velocidade em que o maior consumo de telas passou a fazer parte da rotina da população.
Santa Catarina tem ainda a maior taxa de golpes virtuais do país, com 903,8 casos de estelionato virtual a cada grupo de 100 mil habitantes, dado quatro vezes maior que a média nacional, fixada em 200,6.
Os dados do anuário foram publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), na quinta-feira (24) e reúne registros criminais anualmente feitos pelas secretarias de segurança pública dos 26 estados e do DF.
Computador, internet, crime cibernético (imagem ilustrativa)
Sofia Mayer/g1
Por que Santa Catarina registrou tantos casos?
Carlos Roberto Moratelli, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e especialista em segurança de dados, a alta conectividade e infraestrutura digital também contribuem para o número de casos no Estado.
Santa Catarina é o segundo estado mais conectado do Brasil, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também na quinta-feira (24).
Conforme os dados, 96,5% dos domicílios catarinenses utilizaram a internet em 2024 e 97,7% da população do estado vive em residências com acesso à web.
"Santa Catarina está entre os estados com os melhores indicadores sociais e alto PIB per capita, o que normalmente se traduz em maior penetração digital e uso de serviços online. Quanto mais pessoas conectadas, mais oportunidades para golpe", pontua o especialista.
Moratelli acrescenta que a efetividade da segurança pública na detecção e combate aos crimes contribui para a qualidade dos dados e incentiva vítimas a denunciarem.
"Órgãos como Procon e Polícia Civil têm intensificado campanhas de alerta sobre golpes, de bilhetes premiados falsos a cobranças indevidas, o que pode fazer com que mais pessoas denunciem, elevando as estatísticas. Já em outros estados, pode haver subnotificação. Por exemplo, São Paulo não diferencia crimes virtuais dos comuns em seus registros, dificultando a mensuração precisa da modalidade digital", completa.
Parte do crime saiu das ruas e nos acompanhou enquanto nos voltamos para dentro de casa - e para as telas. Para a Polícia Civil catarinense, o ambiente virtual se tornou fértil para criminosos. Em 2024, foram oito casos de estelionato virtual por hora em Santa Catarina.
"Há uma migração de criminosos do ambiente físico para o digital, motivada por uma percepção de maior lucratividade e menor risco, tanto de exposição quanto de prisão, em comparação com os delitos tradicionais".
Segundo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados indicam uma mudança na forma que os crimes patrimoniais são praticados no Brasil, saindo do ambiente físico e indo para o virtual.
"Já são cinco anos de tendência, o que consolida um movimento que, por si só, justificaria a reflexão sobre a reorganização do sistema de segurança pública no país", afirma.
Os principais tipos de golpes praticados na internet:
Fraudes financeiras e bancárias: criminosos usam truques para conseguir dados pessoais ou bancários. Em alguns casos, convencem as vítimas a fazer transferências por meio de ameaças ou falsas histórias.
Golpes por mensagens: os golpistas fingem ser amigos ou parentes e pedem dinheiro por aplicativos de conversa.
Extorsão emocional: criam perfis falsos para ganhar a confiança da vítima e depois a ameaçam, muitas vezes com fotos íntimas.
Golpes em sites de venda: fingem ser vendedores ou compradores. O objetivo é receber o dinheiro sem entregar o produto, ou enganar quem está vendendo.
Veja algumas dicas para se proteger de golpes virtuais:
Nunca compartilhe senhas ou códigos de segurança;
Ative a verificação em duas etapas em todas as contas;
Não clique em links suspeitos;
Evite enviar fotos ou vídeos íntimos, mesmo para pessoas conhecidas;
Desconfie de relacionamentos online que evoluem rápido demais;
Compre apenas em sites confiáveis e use plataformas oficiais para negociar;
Fuja de ofertas com preços muito baixos ou promessas de dinheiro fácil.
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