Remédio para convulsão e ansiedade foi adicionado em refrigerante que causou intoxicação de funcionários em SC
11/11/2025
(Foto: Reprodução) Polícia divulga substância encontrada em refrigerante que intoxicou 12 pessoas em Santa Cecília
O clonazepam, medicamento encontrado no refrigerante que intoxicou 12 funcionários do pronto-atendimento de Santa Cecília, no Oeste de Santa Catarina, é controlado e usado para tratar crises convulsivas, transtornos de ansiedade e distúrbios do sono. Ele é o calmante mais vendido no Brasil.
🔎 Segundo a professora Camila Marchioni, do Laboratório de Pesquisas Toxicólogicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a substância está na classe dos benzodiazepínicos e atua causando uma depressão no sistema nervoso central.
Os funcionários foram intoxicados em 21 de outubro, mas a Polícia Civil divulgou detalhes das investigações na segunda (10). Eles tiveram sintomas como vômito, tontura, sonolência, inchaço abdominal e dificuldade na fala. Duas pessoas, tia e sobrinho, foram presas suspeitas do crime.
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As vítimas foram internadas e as últimas tiveram alta em 25 de outubro. Segundo a especialista, se a substância for misturada a um refrigerante, como foi o caso, pode deixar um gosto diferente.
"Segundo relatos, o clonazepam em comprimido triturado e misturado a bebidas pode até deixar o gosto levemente amargo, mas isso é bem variável, pois normalmente a quantidade usada é baixa e acaba sendo colocado em bebidas muito doces", disse.
A professora explicou que há riscos de uso excessivo da substância. "Pode deixar a pessoa rebaixada, sendo observado sonolência intensa, confusão mental, fala arrastada, coordenação prejudicada, dificuldade para respirar, redução da pressão arterial e batimentos cardíacos lentos. Em casos mais graves, podem ainda ter perda de consciência e coma".
A situação mais perigosa é a de superdosagem, especialmente se ingerido com outras substâncias que também deprimem, como álcool.
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Intoxicação em Santa Cecília
Em 21 de outubro, profissionais da unidade de saúde tomaram um café da tarde coletivo com refrigerante. Por volta das 17h, eles passaram mal de forma simultânea.
No dia seguinte, a Polícia Civil começou a coletar provas para esclarecer as circunstâncias do ocorrido e verificar se houve conduta criminosa relacionada à contaminação dos alimentos.
Em 23 de outubro, a investigação informou que o refrigerante apontado como causador do mal-estar coletivo foi levado até a unidade de saúde pela tia de um servidor afastado em 8 de outubro por importunação sexual contra funcionárias. Ele e a tia foram presos temporariamente.
Todos os alimentos e bebidas ingeridos pelas vítimas, na ocasião, foram encaminhados para perícia. Um ponto em comum entre todos os afetados foi o consumo do refrigerante, que estava em uma garrafa de dois litros.
O secretário de Saúde de Santa Cecília, Eliezer Gomes, confirmou nesta segunda que 11 dos 12 funcionários intoxicados já voltaram ao trabalho. Uma das pacientes está afastada com problemas pulmonares, mas não se sabe se é devido à intoxicação.
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Vereador foi uma das vítimas
O vereador e técnico de enfermagem Márcio Granemann foi um dos 12 funcionários intoxicados. Ao g1, ele contou que sentiu “ardência na garganta” logo após consumir a bebida.
“Tomei dois copos e senti uma ardência na garganta. Era como quando alguém limpa o banheiro ou ambiente fechado e sente o gosto do alvejante. Fiquei tonto e apaguei", relatou.
Pronto-atendimento de Santa Cecília, SC
Prefeitura de Santa Cecília/Divulgação
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